domingo, 10 de fevereiro de 2013

#10 crítica: Life of Pi


Uma vida de aventuras. E fé na vida.

Dar vazão ao inacreditável. É um pouco do que o diretor Ang Lee nos provoca ao trazer as telas o aclamado livro do escritor canadense Yann Martel, sobre um garoto que após uma tragédia fica a deriva perdido no oceano junto a um tigre. O diretor cria um mundo de bravura e sentimentos tão fortes que é simplesmente impossivel não se deixar levar pela trama que tem em sua essencia a busca para nos libertarmos do medo que há muitas vezes dentro de nós mesmos. A ideia nesse caso, o tigre sendo o medo que temos que enfrentar para podermos levar a vida. Os muitos significados que o filme traz talvez tenha no seu mais importante significado, a fé e a esperança que constroi dimensões maiores e instransponiveis do que o proprio ser humano e sua natureza.
O processo que aqui é criado para nos levar veracidade a historia vem de um arduo processo de criação dos cenarios e dos animais, todos assombrosamente criados em CGI, em especial o tigre no barco, a perfeição choca, sem duvidas. O refinamento dos efeitos, somados a trilha sonora magnifica e a direção competente de Lee faz de As aventuras de Pi um daqueles filmes memoraveis. Talvez pelo choque que a beleza das imagens causa aos olhos. Um esmero de detalhes, que remete a uma pintura. O mar e suas cores, o céu e suas cores. A surrealidade transitando por entre os mundos que o garoto contruiu para conduzir sua jornada rumo ao desconhecido (que é a vida?), e ao mundo que ali se desdobrava.
O filme conta a história de Piscine Molitor Patel, em referencia uma piscina que seu pai visitou na juventude em Paris, na França  por se tratar de uma piscina que purificava a alma de tão limpa e cristalina. O nome de batismo gerou como era de se esperar ironias e zombações de seus colegas no colegio. Ao se deparar com isso, resolveu convencer a todos que deveriam chamá-lo de Pi (em referencia ao algaritmo 3,14). Sua familia era proprietaria de um zoologico, e seus interesses além de cortejar uma garota do qual era apaixonado, era buscar novas religioes, como quem troca de roupas. Não se contentava com uma fé simples, e via nas diferentes manifestações de fé um significado em todas elas. Morava numa região francesa da India, que com os perigos que a instabilidade politica na época trazia ao país, seu pai tomou a decisão de mudar para um outro lugar para dar estabilidade e segurança a sua familia. Pegaram os animais mais valiosos  do zoo e partiram rumo ao Canadá. No trajeto, uma tempestade fez o navio cargueiro naufragar e com ele levar seus pais e seu irmão. Por ironia do destino, sobreviveu por ter saido do quarto no momento da tragédia. Se viu num barco com outros animais, dentre eles o tal tigre em meio a imensidão do oceano. Sua jornada de fé e bravura daria ali passos rumo ao inacreditável.
O oceano solitario e imenso fez com que tentasse sobreviver das mais impossiveis maneiras. O modo como se relacionava emocionalmente com os animais a bordo do pequeno barco, suas lembranças, medos são tão reais a quem assiste que nos sentimos presos completamente tragados ao filme, que ajudando em muito colabora com isso um impressionante 3D capaz de nos fazer criar laços de companheirismo ao garoto Pi em meio a sua epopéia. O destino insolito trouxe peixes voadores, suricatos que se viam aos montes numa ilha, além de um orangotango fêmea de nome suco de laranja que esteve a deriva e foi resgatada pelo barco de Pi.

Os poderes do CGI. Incrivel.

O fim nos traz a pergunta, o que de toda a jornada foi real ou ficção, em meio a questionamentos dos responsaveis pela empresa que cuidava do navio que naufragou. A trama, que é toda uma confissão de Pi a um escritor, que foi encorajado a tentar conhecer a história que o faria "acreditar em Deus"., termina da mesma forma, o que serve de pano de fundo a toda a epopeia, uma historia tragica e realista, ou algo que por ter ocorrido faria nos capazes de continuar acreditando na vida. A resposta não importa. O que sentimos por toda essa jornada já nos dá a resposta.
Um filme arrebatador e impressionante, um daqueles momentos que sabemos o quão extraordinario é a vida, um breve momento de reflexão sobre a luta para podermos superar o medo, as aflições da vida, sem sobra de duvida a morte como a maior de todas. Com a produção de James Cameron, Lee traz um excelente momento para nos encantarmos pela vida. Feito como um espetaculo da natureza saltando em cada um dos minutos do filme. Bravo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário