sábado, 2 de março de 2013

Madrugada dos cinéfilos. A tradução simultânea de uma premiação em gifs...

- Prêmios do Academia. Oscar 2013



We <3 Jennifer Lawrence.
Não vou ficar falando quem ganhou ou quem deixou de ganhar. Vou falar daquilo que chamou a atenção. O resto é dos outros. Se Argo levou melhor filme, se Daniel Day-Lewis entrou para a história apos ter vencido pela terceira vez, ou se Ang Lee tirou o Oscar de melhor diretor das mãos de Lincoln e Steven Spielberg, por seu trabalho em A Vida de Pi, não importa. Vamos aos fatos relevantes. Já basta a festa chatinha... que o diga o...

Quanta deselegância...
E pra quem acha a Qzaueuhuheushuhseu Wallis fofinha, ela estava uma gracinha. Disse que seus projetos para o futuro é virar... dentista. Muito criança ainda, ela tem 6 anos! Deixem ela em paz!


Ele riu. Tommy Lee Jones riu. Ele riu sim.


A noite foi de Adele que venceu melhor canção por Skyfall...


Mas bem o resto é o seguinte, Jennifer Lawrence foi o melhor desse Oscar. Engraçada, as melhores gags vieram dela. Do tombo ao subir para pegar o Oscar socorrida por Hugh Jackman e Bradley Cooper, a interrupção do seu maior admirador Jack Nicholson numa entrevista ao vivo. Além dela ser linda, gostosa e super talentosa. Segue os best moments...

Tombo.
O sonho de qualquer garota, não é meninas... hahaha
Ela pode. Não?!
Não tá fácil pra ninguém...

A garota do momento. J Law.


Jack Nicholson... o melhor. Como ser cara de pau?







Genial. haha.

Bom, fiz um resumo básico do que houve de mais interessante nesse Oscar.

That's all folks!

#19 crítica: Indomável Sonhadora - Beasts of the Southern Wild

A câmera tremula e um visual de entorpecer. Belo trabalho do diretor Benh Zeitlin.
Aquilo que temos que enfrentar na vida na figura dos bichos gigantes. Medo.

Algo acontece numa região ribeirinha do Louisiana que parece não demonstrar qualquer esperança na raça humana. No meio do ambiente extremamente pobre e desolador, uma garota de seis anos sobrevive em meio ao trágico lugar com algo grandioso em sua pequena alma brava e impetuosa. Sua força pode não resistir a dor da solidão e a falta de uma família que possa lhe dar suporte a suas descobertas. Um mundo hostil e pouco afável capaz de lhe fazer vencer batalhas das quais ela surpreendentemente se mostra preparada para lidar. Temos aqui um filme que foi filmado apenas com US$ 1,8 milhão, cujo roteiro incrível e a historia de bravura mereceram as principais indicações no Oscar deste ano. O show aqui desse longa é a garotinha Quvenzhané Wallis, com nome difícil de soletrar, que vem chamando atenção por onde passa. Sua convicção nas agruras de sua personagem Hushpuppy é de partir o coração. Ela se vê num lugar cujos efeitos climáticos na região chamada com uma certa carga de ironia aqui, de "banheira", devido a imundice que toma conta do local, causam devastações, inundações e todo tipo de destruição. Numa tempestade atípica  muitos moradores da região saíram do lugar, porém alguns resolveram manter-se de algum modo a mercê dos cataclismos, sem se importarem com suas dignidades tão devastadas na essência  quanto o lugar, em nome de uma necessidade de pertencimento aquele lugar, já que dali não teriam mais nada, por terem abraçado aquele fim do mundo como sua casa.

Com seu pai doente, sua mãe distante e com poucos a quem confiar, a garotinha Hushpuppy resolve agir por conta própria e passa a aprender a viver sozinha e autossuficiente  Seu pai que lhe chamava de patroa, já  conferia a ela uma personalidade adulta nos modos como a tratava e que dali em diante percebeu ter somente a si mesma e ao mundo a quem contar, partindo numa jornada que mistura fantasias, sonhos e esperança.

O filme é bárbaro  lindo e inspirador. As cenas da garotinha Quvenzhané Wallis são impressionantes. Sua prematura indicação ao Oscar, tendo apenas seis anos gera discussões e até acho inoportuna, pessoalmente, mas ela com certeza ganha nossos corações num papel de tamanha simplicidade e encanto. Sua bravura e dor são impressas em um rostinho doce e sofrido com aqueles cabelos todo bagunçados e suas botas brancas pequenas passando por todo tipo de lodo e imundice. Comovemo-nos, mas ao mesmo tempo somos colocados na realidade em que vive, sem muito julgamento ou questionamentos. Ali tudo é muito bem definido e admitido por seus habitantes que não sabem como reagir num outro ambiente limpo e bem conservado por regras e costumes. É o que Émile Durkheim já havia colocado séculos atras na sociologia, que o ser humano tende a ser conduzido em suas atitudes e vontades influenciado pela imposição da maioria, o que causava em grande parte dos casos o surgimento de pessoas que sofreriam de uma certa anomia, um distúrbio que a põe marginalizada e inferior na sociedade. Isso se traduz na condição aceira do pai da garotinha, dela e de todos os que ali estão. Eles aceitam aquela miséria e se revoltam contra qualquer condição de bem estar.

Hushpuppy olhando para o horizonte. A vida a passos largos.

O diretor estreante Benh Zeitlin que já virou promessa por saber expor bem a câmera e tem até certa característica própria expressa no seu modo de filmar perceptível nas cenas de distancia e profundidade, sempre conduzindo a cena tremula e inquieta, que aqui traz uma história de fé acima de tudo na vida daqueles que vivem à mercê da natureza prestes a derreter. Um filme com essa ambientação e tema atual que é o derretimento das geleiras e os eventos que o aquecimento global vem causando em diversos lugares, até mesmo recentemente em Nova York, graças ao furacão Sandy. O filme do diretor Zeitlin é memorável em diversos aspectos, mas pesa talvez no desconforto da câmera e da narrativa documental. É belo e com uma baita historia para contar. Os bichos gigantes e a lenda dão aquilo que vai pulsar o quão imenso é o coração da garota, que é uma joia. É o filme indie do Oscar, que tem em uma criança mais uma vez a voz de um mundo que não consegue se expressar o que sente, as angustias que sofremos e tentar entender a nossa própria natureza nesse mundo. Um filme espetacular, mas que no final dá a sensação de que vimos algo pequeno e sem muito peso até. Não se engane.