O que há de mais singelo e reluzente em Moonrise Kingdom, novo filme do diretor de-coisas-excêntricas Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums, Viagem a Darjeling) é a pureza de seus personagens. São todos tão caracterizados em suas vidas, infelizes, contentes, depressivos, que eles se vêem sempre a procura de algo que os faça satisfeitos com a vida, por mais dura e sofrida. Nesse filme, temos o drama de um amor entre uma garota chamada Suzy e um garoto de nome Sam. O modo como surge a paixão entre eles, tudo é tão singelo e doce que não resistimos a nos encantarmos. "Qual é o seu pássaro ", o menino aponta após se revelar escondido em um closet de camarim. Três garotas sentadas se arrumando, cada uma fantasiada com um tipo de passaro. Uma delas se apresenta. "Não, você!". Ele aponta para Suzy, que nos closes com o rosto de cheio de maquiagem preta observa e responde ao garoto. "Eu sou um corvo." Ali ambos se conhecem e passam a trocar mensagens. Na derradeira, resolvem fugir. Ele já tem um destino. Um lugar escondido, trilha muito antiga. Marcam de se encontrar no meio de um campo. Lá partem rumo ao caminho que os levará a ficar juntos.
Sam é orfão e vive parte do tempo em um acampamento de escoteiros liderado pelo capitão Scout Master Ward (brilhantemente interpretado pelo ator Edward Norton), que cuida de suas crianças numa ordem de tarefas pre-determinadas diariamente. Do outro lado, Suzy divide a casa com muitos irmãos e pais advogados, os Bishop (Bill Murray e Frances McDormand), e infeliz com sua vida. Quer fugir de casa e viver longe da do pai ausente e da mãe que trai o pai com um guarda (Bruce Willis). Na viagem de Suzy e Sam diversas intempéries parecem querer os separar, mas convictos de sua paixão e amor verdadeiro, partem para ficarem juntos "para sempre". Anderson sabe dar o mesmo tratamento que em outros de seus filmes, só que aqui tudo se eleva a um nível mais requintado. Seja pela fotografia exepecional com tons de amarelo, pelo roteiro magnifico ou pela propria história que cativa ao colocar duas crianças descobrindo o amor em meio a uma América dos anos 60. Os dialogos são sensacionais. Como na cena em que Murray e McDormand, deitados em camas separadas discutem o relacionamento entre eles, partindo de um pedido de desculpas inesperado do advogado e pai de Suzy. As cenas da caçada para achar os dois jovens são hilárias e deliciosas, assim como os momentos pseudo-pornográficas entre os dois jovens. No fim, fica o deslumbre com a bela dose de entretenimento de qualidade e com o raro humor negro de Wes Anderson, que só nos faz pensar em nosso interior, e em nossas frustrações diárias.
Os aspectos técnicos, de tudo o que se vê na tela é belo. E pra mim, esse é o melhor filme do ano. O diretor do fraco A Vida Marinha com Steve Zissou, celebra o seu melhor momento, com uma história memorável e inesquecível. Ah esse primeiro amor!