sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

#5 crítica: Moonrise Kingdom


O que há de mais singelo e reluzente em Moonrise Kingdom, novo filme do diretor de-coisas-excêntricas Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums, Viagem a Darjeling) é a pureza de seus personagens. São todos tão caracterizados em suas vidas, infelizes, contentes, depressivos, que eles se vêem sempre a procura de algo que os faça satisfeitos com a vida, por mais dura e sofrida. Nesse filme, temos o drama de um amor entre uma garota chamada Suzy e um garoto de nome Sam. O modo como surge a paixão entre eles, tudo é tão singelo e doce que não resistimos a nos encantarmos. "Qual é o seu pássaro ", o menino aponta após se revelar escondido em um closet de camarim. Três garotas sentadas se arrumando, cada uma fantasiada com um tipo de passaro. Uma delas se apresenta. "Não, você!". Ele aponta para Suzy, que nos closes com o rosto de cheio de maquiagem preta observa e responde ao garoto. "Eu sou um corvo." Ali ambos se conhecem e passam a trocar mensagens. Na derradeira, resolvem fugir. Ele já tem um destino. Um lugar escondido, trilha muito antiga. Marcam de se encontrar no meio de um campo. Lá partem rumo ao caminho que os levará a ficar juntos.

Sam é orfão e vive parte do tempo em um acampamento de escoteiros liderado pelo capitão Scout Master Ward (brilhantemente interpretado pelo ator Edward Norton), que cuida de suas crianças numa ordem de tarefas pre-determinadas diariamente. Do outro lado, Suzy divide a casa com muitos irmãos e pais advogados, os Bishop (Bill Murray e Frances McDormand), e infeliz com sua vida. Quer fugir de casa e viver longe da do pai ausente e da mãe que trai o pai com um guarda (Bruce Willis). Na viagem de Suzy e Sam diversas intempéries parecem querer os separar, mas convictos de sua paixão e amor verdadeiro, partem para ficarem juntos "para sempre". Anderson sabe dar o mesmo tratamento que em outros de seus filmes, só que aqui tudo se eleva a um nível mais requintado. Seja pela fotografia exepecional com tons de amarelo, pelo roteiro magnifico ou pela propria história que cativa ao colocar duas crianças descobrindo o amor em meio a uma América dos anos 60. Os dialogos são sensacionais. Como na cena em que Murray e McDormand, deitados em camas separadas discutem o relacionamento entre eles, partindo de um pedido de desculpas inesperado do advogado e pai de Suzy. As cenas da caçada para achar os dois jovens são hilárias e deliciosas, assim como os momentos pseudo-pornográficas entre os dois jovens. No fim, fica o deslumbre com a bela dose de entretenimento de qualidade e com o raro humor negro de Wes Anderson, que só nos faz pensar em nosso interior, e em nossas frustrações diárias.

Os aspectos técnicos, de tudo o que se vê na tela é belo. E pra mim, esse é o melhor filme do ano. O diretor do fraco A Vida Marinha com Steve Zissou, celebra o seu melhor momento, com uma história memorável e inesquecível. Ah esse primeiro amor!


 

#4 crítica: Wanderlust


A formula da boa comédia em Hollywood nesses dias em que escrevo tem nome, rosto e personalidade. Seu nome é Judd Apatow. E suas diretrizes estão apoiadas em nos fazer pensar antes de rirmos, ou melhor, talvez (e digo aqui em um talvez) para não sairmos com a impressão de que os risos não serão descartados. Penso aqui como um executivo de um grande estúdio, mas não deve com certeza ser a impressão que sr. Apataw passa aqui premeditadamente. Suas intenções são as melhores, o que inclusive deve permitir-lhe se agraciar com o fato de ser um cara esperto. Ele iça em dois lados, de um a comédia deliciosa de se assistir, bem ao estilo de John Hughes, nos anos 80, e de outro, aquela sensação de que podemos armar uma discussão com esse assunto. E nesse toada, Apatow se sai supremo.

Nos Estados Unidos, estreou na semana passada, "This is 40", a mais nova obra do diretor, que anda tendo boas reviews (no Rotten, ficou na média 50% de aprovação), e que em seu todo traz aquilo que o caracterizou tão bem em Ligeiramente Grávidos, O Virgem de 40 anos, entre outros. Porém, apesar de ser um eximio diretor, ele dedica boa parte do seu tempo produzindo filmes. Nisso, ele põe a mão e faz alguns retoques e pitacos. Em geral são satisfatórios seus filmes como produtor. E aqui em Wanderlust, a proposta se saí bem, apesar do roteiro fraquinho e não tão atraente, o resultado é satisfatório. Assisti hoje em casa, já aqui no Brasil o filme passou longe dos cinemas. Graças ao seu "maiores de 18 anos" e numa sinopse que não atrairia muitos jovens, mais mulheres. Na "América", o filme foi fraco nas bilheterias também. O ponto forte do filme é Paul Rudd. Sem dúvidas, o humor vem dele. As cenas sem ele, se apoiando no humor dos demais atores não sobrevive. A história se passa com George (Rudd), que após perder o emprego em Nova York, após a sua companhia ser atingida por um escândalo financeiro, perde tudo e decide mudar de vida com sua esposa Linda (Jennifer Aniston) e partir para Atlanta, onde seu irmão vive. Só que no meio do caminho ele encontra uma comunidade hippie, e passa uma noite nesse lugar. Ambos se encantam, mas partem para a Atlanta, deixando o paraíso. Após sofrerem com as humilhações impostas pelo seu irmão, George experimentar viver por duas semanas na comunidade hippie, até conseguir um emprego e voltar para  NY. O destino lhe reservava surpresas, e o que eram duas semanas se tornaram meses e sua mulher resolveu permanecer por lá. O desfecho não convence muito, mais pelo roteiro fraco e preguiçoso, do que por uma reviravolta ou fim previsivel.

Nada que não merece ser apreciado pelo talento de Rudd no papel, que bem mais do que em outras produções, o permite ser o centro de fato do humor, e que nele o faz com primazia. Boas gargalhadas, principalmente na cena do espelho e de quando fica de frente da belissima atriz Malin Akerman, com quem poderá transar por uma noite. Apatow deixa sua marca aqui, ao nos brindar com uma trama que nos faz rir da atual situação economica americana. Não há empregos, não há como sobreviver em um cubículo em West Village, bairro nobre de Nova York. O que sobre é recorrer a parentes, mudanças e incertezas sobre o rumo de suas vidas. Por mais duro que seja encarar a realidade, é melhor assim do que viver num paraíso.


sábado, 22 de dezembro de 2012

#3 critica: O Hobbit - Uma Jornada Inesperada




Guilhermo Del Toro se dedicou enormemente a propor uma nova visão para o livro de J.R.R. Tolken, de sua obra infantil "O Hobbit", dado que tenha escrito especialmente para seus filhos. Sua busca e dedicação foi fruto do sucesso obtido num acordo entre a MGM, detentora dos direitos sobre a obra, que era desde a um bom tempo da extinta United Artists e a New Line/Warner, distribuidora da trilogia do Anel. Os detentores dos direitos não conseguiram os recursos, e Del Toro teve de passar o projeto para as mãos novamente de Peter Jackson, diretor da antiga trilogia e inicialmente empossado para estar a cargo da adaptação do livro infantil de Tolken. O mexicano ficou desolado e se ressentiu "Tive que me acostumar com a ideia de não fazer o filme", disse. Após sua saida, Jackson retomou de onde parara e reescreveu o roteiro junto de Fran Walsh e Philippa Boyens, os mesmos que escreveram a saga de Frodo, colhendo boa parte do que Del Toro já havia feito.

Enfim, nesse dia 14 de dezembro estreia a primeira parte do que será uma trilogia baseando-se no livro "O Hobbit". Em "Uma Jornada Inesperada", o diretor Peter Jackson cria uma incrível adaptação, amparando-se nos minimos detalhes aquilo que fez de O Senhor dos Anéis, um dos clássicos e memoráveis filmes de fantasia dos ultimos tempos. A perfeição beira-se ao estrondoso nas cenas em que a camera deslisa sobre os desfiladeiros, nos campos e no meio de uma caverna cujas edificações são sustentadas por pontes de madeira. O modo como criou as criaturas, orcs, trolls, e outras tantas são feitas é de encher os olhos. Mas é em Gollum (Andy Serkis), que mora o que há de mais magnifico em O Hobbit. Seus gestos estão cada vez mais irretocavéis e as cenas em que surge são de longe uma das melhores do filme todo. Não é que todo o resto fica devendo, mas é que carece de um certo encanto e motivação ao espectador, que se vê sem muito entusiasmo no meio de uma fita que dura além do que devia (essencialmente na primeira parte em que somos apresentados ao jovem Bilbo Bolseiro.) e arrasta até as cenas em que surgem de fato os eixos de toda trama. É chato isso tudo, mas até chegar ao final a sensação é que o caldo é grosso, e o filme é magnifico. Nada que o coloque em pé de igualdade, com para sermos justo, A Sociedade do Anel, o primeiro filme da antiga trilogia. Aqui tirando a brilhante interpretação de Martin Freeman, no papel de Bilbo Bolseiro, de Richard Armitage, o líder do anões Thorin Escudo de Carvalho, todo os outros atores não conseguem carregar uma história, que é excelente mas não torna-se um meio que conduza a atenção do espectador por todo o tempo de filme. Ian Mckellen volta ao papel que o consagrou, o mago Gandolf, e ele proprio traz o espirito da trama da trilogia anterior a está. Esses personagens tão amados de volta, e numa trilogia sem necessidade nos faz pensar: aguentaremos estar a par de mais dois filmes pagando para vê-los?

Sem dúvidas! O filme no seu todo é memorável, a sua medida, como um filme introdutório, mas que carrega paixão e volume, ai mora o melhor de Jackson, seus personagens são tão simples e humanistas que nos rendemos a beleza do poema que salta tamanha doçura. O Hobbit se arrasta e poderia sim ser cortado em uns bons minutos, mas quem se importa quando a jornada encanta e nos deixa boas lembranças e um paladar delicioso. Que venha A Desolação de Swag!

Obs: Assistir em 48 High Frame Rate e não na versão tradicional de 24 foi a mais nova invenção de Peter Jackson que nos traz agora em Uma Jornada Inesperada, uma vertigem inacreditável. As cenas correm muito mais rapidas, e a resolução nítida e assustadora. No ínicio fica um incomodo, mas passam as horas e aquilo já está absorvido por nossos olhos que parecem se ver mais próximos as cenas. Em 3D, é claro a experiencia se completa. É o cinema de Jackson sempre trazendo um encanto transcendental.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

#2 O Grande Gatsby (versão Luhramann) - Material promocional


Previsto para o natal de 2012, o filme teve sua estreia adiada para maio de 2013. Por isso, só agora o material de divulgação foi divulgado. Gostei muito, capta com muito engenho as expressões formando um belo mosaico dos personagens trazendo já aqui e acolá todo o drama e ambientação do filme. 

#1 crítica: Argo




Observando de longe, há algum tempo atras, Ben Affleck era um ator mediano e sem muita consistência. Fazia o tipo de um galã que assumia a frente de filmes com pouco conteudo e que não fazia muita a diferença frente as cameras com a atuações que o destacasse. Bem, isso não mudou aqui e nem é algo que veio a melhorar, mas ele cresceu. Não como ator, que venha a ficar bem claro, nada contra afinal tenho por ele grande estima. Apenas o reconheço como um ator bom e regular. Os roteiros fazem a diferença e aqui não quero deixar de fora e nem ao menos ocultar que tendo escrito um roteiro com o também ator Matt Damon,  venceu o Oscar de melhor roteiro original por Gênio Indomável. Sua reputação talvez tenha sido manchado um pouco sua trajetória, ou engrandecido seu leque de experiencias em diversos tipos de generos. Sua ambição talvez sempre esteve enquanto filmava Demolidor - O Homem sem medo ou A Sombra de Todos os Medos. Dois blockbusters que definiram sua filmografia ao lado de outros tantos. Almejava se tornar um diretor de cinema. E se voltarmos àquele Ben Affleck capaz de escrever roteiros oscarizados, não devemos subestima-lo. 

Após dois filmes muito bons. Medo da Verdade (2009) e Atração Perigosa (2010) são duas espécimes que possuem algo de catártico, intrigante e que prende a atenção. Adoro o clima frio e ágil que conduz sua câmera  E aqui em Argo (2012), Ben, ator que atualmente é casado na vida real com a linda atriz Jennifer Garner, vai além de suas ambições, até mesma aquelas suas em que devia pensar enquanto almoçava no seu trailer no intervalo das filmagens de seus antigos blockbusters. A dimensão que seu filme anda tomando pode levá-lo a ganhar o Oscar de melhor diretor ano que vem. E não é pouco. O filme é brilhante. Conta a história de um grupo de diplomatas americanos que escapam da embaixada em Teerã, no ano de 1979 em meio ao tumulto causado pela revolução islâmica no Irã, cuja a causa é a decisão de os Estados Unidos dar asilo ao seu antigo aliado, o xá Reza Pahlavi, despertando o ódio e a fúria de toda a população pelos EUA. Sem ter para onde ir, os diplomatas encontram abrigo as escondidas na embaixada do Canadá. Sob o risco de comprometer o país vizinho, a CIA convoca seu melhor agente para desempenhar o papel de socorrer os diplomatas americanos que ali se viam prestes a serem executados pelo regime de Ali Khamenei, radical que dominou o país. Esse agente interpretado por Ben Affleck tem a ideia de socorre-los fazendo um filme fictício que tenha como cenário o ambiente iraniano, para servir de desculpa para o plano ser posto em prática. Ai é que o filme degringola.

Com uma edição de arte e maquiagem impressionantes, somos tragados para os anos 70 em sua plenitude (desde a trilha sonora, passando de Aerosmith a Led Zeppellin), aos cabelos grandes e costeletas. Tudo nada superficial, mas verossimil. A tensão que o diretor Ben Affleck nos causa é sufocante e conduz o espectador a um deslumbre sem precedentes. O contraponto é a história referente a trama de Argo, o filme falso, que traz a tona atores brilhantes como John Goodman e Alan Arkin. O primeiro interpreta o maquiado vencedor de um Oscar, por o Planeta dos Macacos, John Chambers, já Arkin, faz o produtor Lester Siegel. Ambos nos brindam com dialogos hilários sobre a Hollywood que se desdobrava já naqueles tempos. Um humor que não contradiz, nem minimiza a tensão do filme, mas engrandece o filme. 

O ator Ben Affleck agora um dos mais interessantes diretores da nova safra, pode ver sua carreira deslanchar se vencer mesmo o prêmio da Academia ano que vem. Tô gostando do que ando vendo, desejo boa sorte a ele e que faça jus a tanta expectativa que deposito nele. 



Até.

É o fim do mundo?


domingo, 25 de novembro de 2012

#7 crítica: Skyfall

*Essa critica estava no meu tumblr, quando postei na estréia do filme, spioo.tumblr.com, mas larguei esse site que já deu pra mim, e trouxe ele pra sua casa nova, esse blog aqui.


Espelho, espelho meu: James Bond by Craig encara suas cicatrizes expostas.


Seis anos atrás quando estreou o primeiro filme da série 007 com o ator Daniel Craig, a desconfiança era grande, afinal o novo personagem havia perdido boa parte de suas características vitais e tomado para si elementos de filmes de ação como as dos livros de Robert Ludlum, do espião Jason Bourne. Aquele aspecto que o tornou cativante até então parecia desgastado e uma renovação em tempos de desconfiança e terrorismo era necessário para mantê-lo vivo. Ali entra o fim da era com Pierce Brosnan e se inicia uma com um bond loiro, bombado e violento. Não possui muito charme e nem é tão bonito assim, mas é o arquétipo do herói dos novos tempos, a referência ideal é a série televisiva 24 horas, que foi exibida até 2008, em que o protagonista não tem tempo para meias palavras, seu intuito é buscar informações sem firulas. Não havia espaço nos dias de hoje para um Bond que encarasse vilões caricatos, em carros que mergulham no oceano. O bem e o mau tá indefinido, por isso todas as opções são validas, num mundo caótico como dos dias de hoje.

Passado por dois filmes, o primeiro uma espetacular produção com direito a uma das bond girls mais lindas de toda a série. Cassino Royale, de Martin Campbell, trouxe Eva Green, um roteiro ágil e sem firulas e muita ação. Sou fã da cena de abertura em preto e branco, acho genial. O segundo Quantum OfSolace, de Marc Foster, é fraco e em certos momentos, previsível, mas tem boas cenas de ação e belas bond girls, com a inglesa GemmaArteton e a linda Olga Kurulenko. Vale lembrar que esse segundo filme pegou um pouco do final de Royale para prosseguir na história a respeito da morte de sua amada no primeiro filme. O terceiro, após problemas na MGM e demais complicações ficou no limbo por um bom tempo. Sam Mendes que havia entrado como colaborador criativo, acabou ficando a frente de Bond 23, a sequencia que viria a ganhar o nome de Skyfall. O roteiro feito por NealPurvis e Robert Wade, e modificado pelo roteirista John Logan ganhou vida na nova produção que estreia nessa semana. No Brasil ganhou a alcunha de Operação Skyfall, e mostra um agente que luta contra sua própria natureza, o conduzindo ao mais fundo do seu intimo, revelando seu passado e trazendo a tona segredos nunca antes descobertos. O filme coloca M (Judi Dench) no centro da história para mostrar como ela é uma das peças chave nas ações do vilão Silva (Javier Barden), contra a MI6 e organizações de todo o mundo. Após perder um disquete contendo a identidade de todos os agentes infiltrados da OTAN, em organizações terroristas de todo o mundo, a liderança de M é questionada pelo novo presidente da instituição de inteligência britânica, interpretado pelo ator Ralph Fiennes. Para resgatar o disquete, Bond terá que lidar com um vilão implacável e que será capaz de fazê-lo se ver diante de seuspróprios instintos e sentimentos. A cena final, na Escócia é arrebatadora, intensa e perturbadora. O filme fica pesado e vemos como o seu passado, definirá o seu futuro. Um futuro que para muitos fãs do agente secreto tem a ver com relembrar bons momentos do agente… ops, falei demais? Essa cena para mim que sou fã da série, me deixou em êxtase.


Desarmando o inimigo num dia lindo de sol.

Dirigido com maestria pelo diretor vencedor do Oscar de melhor filme, por Beleza Americana, Sam Mendes, aqui ele faz um filme de Bond, muito maior do que os outros. Seja por um roteiro espetacular e afiadíssimo. Atores brilhantes, uma trilha sonora excelente. A fotografia do filme enche os olhos, com alguns quadros que beiram o deslumbre. As cenas no alto de um prédio em Shangai? As cenas do bar em Macau? O terror provocado por Silva em Londres? As cenas na Escócia? Tudo sob a ótica de Roger Deakins, diretor de fotografia de boa parte dos filmes dos Coen, como “Onde os Fracos não têm vez”, “Bravura Indômita”, e os de Mendes “Foi Apenas um sonho” e “Soldado Anônimo”. A canção tema homônima, na voz da britânica Adele, no clipe da canção no inicio do filme, é linda.


Mendes e Craig. A dupla resgatou os bons momentos da série de 23 filmes.
A relação que promete haver entre Bond e o novo Q, agora não mais um senhor e sim um jovem nerd, traz leveza ao filme em certas situações cômicas. E sem palavras pra atuação de Javier Bardem, como o vilão Silva. Ele tá assustador, irônico, cruel e brutal num dos grandes papéis de sua carreira. Ao mesmo tempo em que fala suavemente como se fosse capaz de ser frio e calmo ao mesmo tempo, o vilão do espanhol é o melhor que já foi feito na série nos últimos tempos. Desde Goldfinger não via um arqui-inimigo tão interessante. A cena em que põe a mão nas pernas de Bond e pergunta se ele não estaria interessado, sim isso mesmo. E a resposta do agente é “Você acha que essa é a minha primeira vez”. Hilário. A tal cena, em que o agente se vê preso numa cadeira no QG do vilão, e o dialogo que se dá entre ele Silva é de cara tão boa quanto a que o Bond de Sean Connery, quando esteve preso numa maquina cortante a laser, em Goldfinger. Citei já duas vezes esse filme nesse curto espaço de tempo. Muitos dizem que esse filme antigo do agente é o melhor de todos. Se em muitas partes, Skyfall é tão bom quanto ele, é porque temos aqui um dos melhores filmes do agente, sem duvida.


Panela velha ainda faz comida... enfim, deixa pra lá. Tô falando do Aston Martin.
Ao final, aqui tá um filme que supera os anteriores e faz de Craig um Bond memorável, graças a um roteiro que lhe ajuda e o transforma. As cenas que trazem referências aos clássicos do agente, como quando toca a canção tema original do agente, sem remixagens, feita por Monty Newman, na cena em que o Bond de Craig muda de carro para não chamar a atenção. O carro? Um Aston Martin, semelhante aos usados por Sean Connery, nos anos 60. Aquilo foi uma baita homenagem aos 50 anos da estreia do primeiro filme do agente no cinema, em 62 com Dr. No. Nada me tira da cabeça de que Skyfall é um filme completo. Muito mais do que reinventa-lo, aqui os produtores encabeçados pela filha do legendário Albert R Broccoli, Barbara Broccoli refaz os passos de James Bond, a partir de agora sem ignorar seu passado. E nem o seu presente caótico e conturbado. Um novo Bond surge, a série agora continua de pé e a presença de Daniel Craig é elogiada. No fim das contas, os críticos se rendem as pretensões dos produtores, que era fazer algo que pudesse deixa-lo nos dias de hoje, uma imagem mais profunda e intensa, e não somente um personagem opaco e estereotipado. Hoje temos um herói que sofre e se assemelha aos outros agentes, sem perder a ternura e seus instintos e características básicas.


Um bom James Bond deve ser servido de boas mulheres... champagne e tal.

Shaken, not stirred.
Belas montanhas lá atrás, não?

Do jornal britânico Daily Mail, a critica da revista Veja, Isabela Boscov, citam esse como o melhor filme do agente. Não sei, meu carinho pelo personagem de Sean Connery, em Goldfinger, Dr. No e Thunderball. Até em From Russia with Love. Os de Roger Moore, Live and Let Die e The Spy Who Loved Me. Os de Pierce Brosnan, que apesar de fracos, tem um apelo de que gosto muito. Se vermos essencialmente o que o torna um bom filme, talvez Skyfall seja o melhor Bond por não se ater a diminuir a imagem do agente em um conjunto de estereótipos, como já citei aqui. Como já foi mostrado assim em Cassino Royale e Quantum of Solace, sim, mas nessa nova visão de 2012, toma contornos que o põe com mais clareza numa sequencia de novas histórias do agente. O fio da meada que Royale trazia não servia muito para aprofundar e fazer crescer o personagem, que agora tem tantas fissuras expostas e erros, que possibilita maiores desdobramentos. Ele sai renovado de fato, e vai além o colocando ao lado de Sean Connery e Roger Moore, ao final do filme, quando o espectador toma ciência dos novos personagens que entrarão e dos antigos que sairão, o quadro de personagens não serão tão novos assim, já conhecidos dos fãs do agente, o que tornará mais angustiante a espera por novas aventuras, que já foi anunciada nessa semana que já está sendo escrita pelo roteirista John Logan, com previsão de estreia para 2014. Skyfall definitivamente já é um clássico da série Bond, com propriedade de estar ao lado dos pôsters de Goldfinger, Dr. No e O Espião que me Amava. Nesse ponto, não há xiita que discorde. 

Para um homem, um James Bond é poder ter... 


Adele com certeza levará seu Oscar, globo de ouro e afins...



Até.

domingo, 14 de outubro de 2012

#6 critica: Looper

*Já havia escrito a critica do filme quando estreou ano passado, mas havia apenas impresso num papel e não o coloquei aqui. Nem pretendia, mas pensei, por que não? O filme é um dos melhores de 2012, e merece minha consideração exposta.

Paft.

Assisti no ultimo fim de semana Looper, do diretor Rian Johnson. Gostei muito e achei bem interessante a historia que trata a respeito de assassinos do futuro (os chamados Loopers) que matam pessoas que são introduzidas num túnel do tempo e executadas longe da multidão num matagal distante da civilização, sob um pano branco ao chão, sob as ordens de organizações criminosas. O filme dialoga com questões sobre ações em nossas vidas, e o que ela pode resultar. O filme tem baita roteiro, e não é redundante em achar pretextos para boas sequencias, faz um incrível circo tenso de reviravoltas muito bem armadas, com uma direção, a proposito bem afiada. Um detalhe é a câmera instável, o que corrobora em uma incrível adrenalina.

Nada passa despercebido em Looper. Os personagens são bem montados, mesmo sob a frenética sequencias de ação, temos uma narração em off nos explicando como funcionam esses profissionais que são extremamente bem pagos, e vivem uma vida de regalias e curtição. Um dos melhores entre eles é Joe (Joseph Gordon-Levitt, num papel que demonstra o seu exímio talento como ator), que após ser acolhido por seu chefe e mentor Abe (Jeff Daniels), passa a crescer na profissão. Ele possui sonhos e desejos, quer morar na França. Para isso, vem estudando francês e aperfeiçoando a lingua. Sua vida se torna um pesadelo e seus sonhos e futuro comprometidos quando as organizações terroristas do futuro enviam para ser execultado ele mesmo, só que mais velho interpretado por Bruce Willis. (A caracterização de Gordon-Levitt para se parecer com Willis é um primor). O seu mais velho consegue fugir e o relogio passa a contar os minutos até ele ser capturado e executado. Sem escolhas vai atras de seu eu do futuro para matá-lo e voltar a ter a vida que tinha, o que no meio do caminho torna-se um caminho sem volta, pois a sua busca cruza com a busca do seu outro eu, em matar uma criança que pode se tornar uma ameaça no futuro para toda a humanidade.

Levitt num make-up: O ator se preparando para se transformar em... Bruce Willis.


Bruce Willis still the same mother....% guy from Die Hard. (É o que dá passar horas assistindo Eastbound and Down até altas horas ontem a noite. hehe). Inegável o talento dele para filmes catarse pura como Substitutos, entre outros. Apesar de não ter sido muito bem quisto entre os criticos, vai ser visto no proximo filme de Wes Anderson Moonrise Kingdom, que pretendo ver nos proximos dias. Menciono Willis, mas esse filme tem em Gordon-Levitt o protagonista. Definitivamente. Após surgir em filmes como O Vigia, 500 Dias com ela, 50% e os ultimos de Nolan, A Origem e Cavaleiro das Trevas Ressurge, o garoto é detaque desde entre os Tumblrs e afins, onde garotas suspiram por ele, até à capa da GQ do mês de agosto. Ressalto até mesmo, a atriz inglesa Emily Blunt que chama muita atenção no filme. A força e o temperamento fria com que interpreta a personagem, mãe de um garoto peça-chave da história, é bem impactante. Assim como todo o longa que mergulha em uma mistura fantástica de elementos da ficção cientifica. Um sopro de história originais e muito bem conduzidas, para os chatos que dizem que Hollywood hoje é só pura embromação. O cinema precisa de mais filmes como Looper, que nos desafia a acreditar no que esta assistindo dada a dimensão do trabalho produzido, efeitos, uma trilha-sonora impecavel e um elenco bacana. Gosto muito da edição agil e ininterrupta desse filme, tem um timing perfeito para filmes de ação.

Sobreviver, no caso de Willis vindo do futuro para salvar sua esposa morta em Shanghai. Os lances frenéticos com o relogio de bolso, o seu vicio com um droga injetavel nos olhos, sua relação com uma prostituta (Piper Pirabo), somando a essa história, a direção de arte que impressiona, faz de Looper um estrondo.

A trilha sonora do filme é um arraso, capturei alguma partes aqui....

Até.