sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

#5 crítica: Moonrise Kingdom


O que há de mais singelo e reluzente em Moonrise Kingdom, novo filme do diretor de-coisas-excêntricas Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums, Viagem a Darjeling) é a pureza de seus personagens. São todos tão caracterizados em suas vidas, infelizes, contentes, depressivos, que eles se vêem sempre a procura de algo que os faça satisfeitos com a vida, por mais dura e sofrida. Nesse filme, temos o drama de um amor entre uma garota chamada Suzy e um garoto de nome Sam. O modo como surge a paixão entre eles, tudo é tão singelo e doce que não resistimos a nos encantarmos. "Qual é o seu pássaro ", o menino aponta após se revelar escondido em um closet de camarim. Três garotas sentadas se arrumando, cada uma fantasiada com um tipo de passaro. Uma delas se apresenta. "Não, você!". Ele aponta para Suzy, que nos closes com o rosto de cheio de maquiagem preta observa e responde ao garoto. "Eu sou um corvo." Ali ambos se conhecem e passam a trocar mensagens. Na derradeira, resolvem fugir. Ele já tem um destino. Um lugar escondido, trilha muito antiga. Marcam de se encontrar no meio de um campo. Lá partem rumo ao caminho que os levará a ficar juntos.

Sam é orfão e vive parte do tempo em um acampamento de escoteiros liderado pelo capitão Scout Master Ward (brilhantemente interpretado pelo ator Edward Norton), que cuida de suas crianças numa ordem de tarefas pre-determinadas diariamente. Do outro lado, Suzy divide a casa com muitos irmãos e pais advogados, os Bishop (Bill Murray e Frances McDormand), e infeliz com sua vida. Quer fugir de casa e viver longe da do pai ausente e da mãe que trai o pai com um guarda (Bruce Willis). Na viagem de Suzy e Sam diversas intempéries parecem querer os separar, mas convictos de sua paixão e amor verdadeiro, partem para ficarem juntos "para sempre". Anderson sabe dar o mesmo tratamento que em outros de seus filmes, só que aqui tudo se eleva a um nível mais requintado. Seja pela fotografia exepecional com tons de amarelo, pelo roteiro magnifico ou pela propria história que cativa ao colocar duas crianças descobrindo o amor em meio a uma América dos anos 60. Os dialogos são sensacionais. Como na cena em que Murray e McDormand, deitados em camas separadas discutem o relacionamento entre eles, partindo de um pedido de desculpas inesperado do advogado e pai de Suzy. As cenas da caçada para achar os dois jovens são hilárias e deliciosas, assim como os momentos pseudo-pornográficas entre os dois jovens. No fim, fica o deslumbre com a bela dose de entretenimento de qualidade e com o raro humor negro de Wes Anderson, que só nos faz pensar em nosso interior, e em nossas frustrações diárias.

Os aspectos técnicos, de tudo o que se vê na tela é belo. E pra mim, esse é o melhor filme do ano. O diretor do fraco A Vida Marinha com Steve Zissou, celebra o seu melhor momento, com uma história memorável e inesquecível. Ah esse primeiro amor!


 

#4 crítica: Wanderlust


A formula da boa comédia em Hollywood nesses dias em que escrevo tem nome, rosto e personalidade. Seu nome é Judd Apatow. E suas diretrizes estão apoiadas em nos fazer pensar antes de rirmos, ou melhor, talvez (e digo aqui em um talvez) para não sairmos com a impressão de que os risos não serão descartados. Penso aqui como um executivo de um grande estúdio, mas não deve com certeza ser a impressão que sr. Apataw passa aqui premeditadamente. Suas intenções são as melhores, o que inclusive deve permitir-lhe se agraciar com o fato de ser um cara esperto. Ele iça em dois lados, de um a comédia deliciosa de se assistir, bem ao estilo de John Hughes, nos anos 80, e de outro, aquela sensação de que podemos armar uma discussão com esse assunto. E nesse toada, Apatow se sai supremo.

Nos Estados Unidos, estreou na semana passada, "This is 40", a mais nova obra do diretor, que anda tendo boas reviews (no Rotten, ficou na média 50% de aprovação), e que em seu todo traz aquilo que o caracterizou tão bem em Ligeiramente Grávidos, O Virgem de 40 anos, entre outros. Porém, apesar de ser um eximio diretor, ele dedica boa parte do seu tempo produzindo filmes. Nisso, ele põe a mão e faz alguns retoques e pitacos. Em geral são satisfatórios seus filmes como produtor. E aqui em Wanderlust, a proposta se saí bem, apesar do roteiro fraquinho e não tão atraente, o resultado é satisfatório. Assisti hoje em casa, já aqui no Brasil o filme passou longe dos cinemas. Graças ao seu "maiores de 18 anos" e numa sinopse que não atrairia muitos jovens, mais mulheres. Na "América", o filme foi fraco nas bilheterias também. O ponto forte do filme é Paul Rudd. Sem dúvidas, o humor vem dele. As cenas sem ele, se apoiando no humor dos demais atores não sobrevive. A história se passa com George (Rudd), que após perder o emprego em Nova York, após a sua companhia ser atingida por um escândalo financeiro, perde tudo e decide mudar de vida com sua esposa Linda (Jennifer Aniston) e partir para Atlanta, onde seu irmão vive. Só que no meio do caminho ele encontra uma comunidade hippie, e passa uma noite nesse lugar. Ambos se encantam, mas partem para a Atlanta, deixando o paraíso. Após sofrerem com as humilhações impostas pelo seu irmão, George experimentar viver por duas semanas na comunidade hippie, até conseguir um emprego e voltar para  NY. O destino lhe reservava surpresas, e o que eram duas semanas se tornaram meses e sua mulher resolveu permanecer por lá. O desfecho não convence muito, mais pelo roteiro fraco e preguiçoso, do que por uma reviravolta ou fim previsivel.

Nada que não merece ser apreciado pelo talento de Rudd no papel, que bem mais do que em outras produções, o permite ser o centro de fato do humor, e que nele o faz com primazia. Boas gargalhadas, principalmente na cena do espelho e de quando fica de frente da belissima atriz Malin Akerman, com quem poderá transar por uma noite. Apatow deixa sua marca aqui, ao nos brindar com uma trama que nos faz rir da atual situação economica americana. Não há empregos, não há como sobreviver em um cubículo em West Village, bairro nobre de Nova York. O que sobre é recorrer a parentes, mudanças e incertezas sobre o rumo de suas vidas. Por mais duro que seja encarar a realidade, é melhor assim do que viver num paraíso.


sábado, 22 de dezembro de 2012

#3 critica: O Hobbit - Uma Jornada Inesperada




Guilhermo Del Toro se dedicou enormemente a propor uma nova visão para o livro de J.R.R. Tolken, de sua obra infantil "O Hobbit", dado que tenha escrito especialmente para seus filhos. Sua busca e dedicação foi fruto do sucesso obtido num acordo entre a MGM, detentora dos direitos sobre a obra, que era desde a um bom tempo da extinta United Artists e a New Line/Warner, distribuidora da trilogia do Anel. Os detentores dos direitos não conseguiram os recursos, e Del Toro teve de passar o projeto para as mãos novamente de Peter Jackson, diretor da antiga trilogia e inicialmente empossado para estar a cargo da adaptação do livro infantil de Tolken. O mexicano ficou desolado e se ressentiu "Tive que me acostumar com a ideia de não fazer o filme", disse. Após sua saida, Jackson retomou de onde parara e reescreveu o roteiro junto de Fran Walsh e Philippa Boyens, os mesmos que escreveram a saga de Frodo, colhendo boa parte do que Del Toro já havia feito.

Enfim, nesse dia 14 de dezembro estreia a primeira parte do que será uma trilogia baseando-se no livro "O Hobbit". Em "Uma Jornada Inesperada", o diretor Peter Jackson cria uma incrível adaptação, amparando-se nos minimos detalhes aquilo que fez de O Senhor dos Anéis, um dos clássicos e memoráveis filmes de fantasia dos ultimos tempos. A perfeição beira-se ao estrondoso nas cenas em que a camera deslisa sobre os desfiladeiros, nos campos e no meio de uma caverna cujas edificações são sustentadas por pontes de madeira. O modo como criou as criaturas, orcs, trolls, e outras tantas são feitas é de encher os olhos. Mas é em Gollum (Andy Serkis), que mora o que há de mais magnifico em O Hobbit. Seus gestos estão cada vez mais irretocavéis e as cenas em que surge são de longe uma das melhores do filme todo. Não é que todo o resto fica devendo, mas é que carece de um certo encanto e motivação ao espectador, que se vê sem muito entusiasmo no meio de uma fita que dura além do que devia (essencialmente na primeira parte em que somos apresentados ao jovem Bilbo Bolseiro.) e arrasta até as cenas em que surgem de fato os eixos de toda trama. É chato isso tudo, mas até chegar ao final a sensação é que o caldo é grosso, e o filme é magnifico. Nada que o coloque em pé de igualdade, com para sermos justo, A Sociedade do Anel, o primeiro filme da antiga trilogia. Aqui tirando a brilhante interpretação de Martin Freeman, no papel de Bilbo Bolseiro, de Richard Armitage, o líder do anões Thorin Escudo de Carvalho, todo os outros atores não conseguem carregar uma história, que é excelente mas não torna-se um meio que conduza a atenção do espectador por todo o tempo de filme. Ian Mckellen volta ao papel que o consagrou, o mago Gandolf, e ele proprio traz o espirito da trama da trilogia anterior a está. Esses personagens tão amados de volta, e numa trilogia sem necessidade nos faz pensar: aguentaremos estar a par de mais dois filmes pagando para vê-los?

Sem dúvidas! O filme no seu todo é memorável, a sua medida, como um filme introdutório, mas que carrega paixão e volume, ai mora o melhor de Jackson, seus personagens são tão simples e humanistas que nos rendemos a beleza do poema que salta tamanha doçura. O Hobbit se arrasta e poderia sim ser cortado em uns bons minutos, mas quem se importa quando a jornada encanta e nos deixa boas lembranças e um paladar delicioso. Que venha A Desolação de Swag!

Obs: Assistir em 48 High Frame Rate e não na versão tradicional de 24 foi a mais nova invenção de Peter Jackson que nos traz agora em Uma Jornada Inesperada, uma vertigem inacreditável. As cenas correm muito mais rapidas, e a resolução nítida e assustadora. No ínicio fica um incomodo, mas passam as horas e aquilo já está absorvido por nossos olhos que parecem se ver mais próximos as cenas. Em 3D, é claro a experiencia se completa. É o cinema de Jackson sempre trazendo um encanto transcendental.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

#2 O Grande Gatsby (versão Luhramann) - Material promocional


Previsto para o natal de 2012, o filme teve sua estreia adiada para maio de 2013. Por isso, só agora o material de divulgação foi divulgado. Gostei muito, capta com muito engenho as expressões formando um belo mosaico dos personagens trazendo já aqui e acolá todo o drama e ambientação do filme. 

#1 crítica: Argo




Observando de longe, há algum tempo atras, Ben Affleck era um ator mediano e sem muita consistência. Fazia o tipo de um galã que assumia a frente de filmes com pouco conteudo e que não fazia muita a diferença frente as cameras com a atuações que o destacasse. Bem, isso não mudou aqui e nem é algo que veio a melhorar, mas ele cresceu. Não como ator, que venha a ficar bem claro, nada contra afinal tenho por ele grande estima. Apenas o reconheço como um ator bom e regular. Os roteiros fazem a diferença e aqui não quero deixar de fora e nem ao menos ocultar que tendo escrito um roteiro com o também ator Matt Damon,  venceu o Oscar de melhor roteiro original por Gênio Indomável. Sua reputação talvez tenha sido manchado um pouco sua trajetória, ou engrandecido seu leque de experiencias em diversos tipos de generos. Sua ambição talvez sempre esteve enquanto filmava Demolidor - O Homem sem medo ou A Sombra de Todos os Medos. Dois blockbusters que definiram sua filmografia ao lado de outros tantos. Almejava se tornar um diretor de cinema. E se voltarmos àquele Ben Affleck capaz de escrever roteiros oscarizados, não devemos subestima-lo. 

Após dois filmes muito bons. Medo da Verdade (2009) e Atração Perigosa (2010) são duas espécimes que possuem algo de catártico, intrigante e que prende a atenção. Adoro o clima frio e ágil que conduz sua câmera  E aqui em Argo (2012), Ben, ator que atualmente é casado na vida real com a linda atriz Jennifer Garner, vai além de suas ambições, até mesma aquelas suas em que devia pensar enquanto almoçava no seu trailer no intervalo das filmagens de seus antigos blockbusters. A dimensão que seu filme anda tomando pode levá-lo a ganhar o Oscar de melhor diretor ano que vem. E não é pouco. O filme é brilhante. Conta a história de um grupo de diplomatas americanos que escapam da embaixada em Teerã, no ano de 1979 em meio ao tumulto causado pela revolução islâmica no Irã, cuja a causa é a decisão de os Estados Unidos dar asilo ao seu antigo aliado, o xá Reza Pahlavi, despertando o ódio e a fúria de toda a população pelos EUA. Sem ter para onde ir, os diplomatas encontram abrigo as escondidas na embaixada do Canadá. Sob o risco de comprometer o país vizinho, a CIA convoca seu melhor agente para desempenhar o papel de socorrer os diplomatas americanos que ali se viam prestes a serem executados pelo regime de Ali Khamenei, radical que dominou o país. Esse agente interpretado por Ben Affleck tem a ideia de socorre-los fazendo um filme fictício que tenha como cenário o ambiente iraniano, para servir de desculpa para o plano ser posto em prática. Ai é que o filme degringola.

Com uma edição de arte e maquiagem impressionantes, somos tragados para os anos 70 em sua plenitude (desde a trilha sonora, passando de Aerosmith a Led Zeppellin), aos cabelos grandes e costeletas. Tudo nada superficial, mas verossimil. A tensão que o diretor Ben Affleck nos causa é sufocante e conduz o espectador a um deslumbre sem precedentes. O contraponto é a história referente a trama de Argo, o filme falso, que traz a tona atores brilhantes como John Goodman e Alan Arkin. O primeiro interpreta o maquiado vencedor de um Oscar, por o Planeta dos Macacos, John Chambers, já Arkin, faz o produtor Lester Siegel. Ambos nos brindam com dialogos hilários sobre a Hollywood que se desdobrava já naqueles tempos. Um humor que não contradiz, nem minimiza a tensão do filme, mas engrandece o filme. 

O ator Ben Affleck agora um dos mais interessantes diretores da nova safra, pode ver sua carreira deslanchar se vencer mesmo o prêmio da Academia ano que vem. Tô gostando do que ando vendo, desejo boa sorte a ele e que faça jus a tanta expectativa que deposito nele. 



Até.

É o fim do mundo?