domingo, 25 de novembro de 2012

#7 crítica: Skyfall

*Essa critica estava no meu tumblr, quando postei na estréia do filme, spioo.tumblr.com, mas larguei esse site que já deu pra mim, e trouxe ele pra sua casa nova, esse blog aqui.


Espelho, espelho meu: James Bond by Craig encara suas cicatrizes expostas.


Seis anos atrás quando estreou o primeiro filme da série 007 com o ator Daniel Craig, a desconfiança era grande, afinal o novo personagem havia perdido boa parte de suas características vitais e tomado para si elementos de filmes de ação como as dos livros de Robert Ludlum, do espião Jason Bourne. Aquele aspecto que o tornou cativante até então parecia desgastado e uma renovação em tempos de desconfiança e terrorismo era necessário para mantê-lo vivo. Ali entra o fim da era com Pierce Brosnan e se inicia uma com um bond loiro, bombado e violento. Não possui muito charme e nem é tão bonito assim, mas é o arquétipo do herói dos novos tempos, a referência ideal é a série televisiva 24 horas, que foi exibida até 2008, em que o protagonista não tem tempo para meias palavras, seu intuito é buscar informações sem firulas. Não havia espaço nos dias de hoje para um Bond que encarasse vilões caricatos, em carros que mergulham no oceano. O bem e o mau tá indefinido, por isso todas as opções são validas, num mundo caótico como dos dias de hoje.

Passado por dois filmes, o primeiro uma espetacular produção com direito a uma das bond girls mais lindas de toda a série. Cassino Royale, de Martin Campbell, trouxe Eva Green, um roteiro ágil e sem firulas e muita ação. Sou fã da cena de abertura em preto e branco, acho genial. O segundo Quantum OfSolace, de Marc Foster, é fraco e em certos momentos, previsível, mas tem boas cenas de ação e belas bond girls, com a inglesa GemmaArteton e a linda Olga Kurulenko. Vale lembrar que esse segundo filme pegou um pouco do final de Royale para prosseguir na história a respeito da morte de sua amada no primeiro filme. O terceiro, após problemas na MGM e demais complicações ficou no limbo por um bom tempo. Sam Mendes que havia entrado como colaborador criativo, acabou ficando a frente de Bond 23, a sequencia que viria a ganhar o nome de Skyfall. O roteiro feito por NealPurvis e Robert Wade, e modificado pelo roteirista John Logan ganhou vida na nova produção que estreia nessa semana. No Brasil ganhou a alcunha de Operação Skyfall, e mostra um agente que luta contra sua própria natureza, o conduzindo ao mais fundo do seu intimo, revelando seu passado e trazendo a tona segredos nunca antes descobertos. O filme coloca M (Judi Dench) no centro da história para mostrar como ela é uma das peças chave nas ações do vilão Silva (Javier Barden), contra a MI6 e organizações de todo o mundo. Após perder um disquete contendo a identidade de todos os agentes infiltrados da OTAN, em organizações terroristas de todo o mundo, a liderança de M é questionada pelo novo presidente da instituição de inteligência britânica, interpretado pelo ator Ralph Fiennes. Para resgatar o disquete, Bond terá que lidar com um vilão implacável e que será capaz de fazê-lo se ver diante de seuspróprios instintos e sentimentos. A cena final, na Escócia é arrebatadora, intensa e perturbadora. O filme fica pesado e vemos como o seu passado, definirá o seu futuro. Um futuro que para muitos fãs do agente secreto tem a ver com relembrar bons momentos do agente… ops, falei demais? Essa cena para mim que sou fã da série, me deixou em êxtase.


Desarmando o inimigo num dia lindo de sol.

Dirigido com maestria pelo diretor vencedor do Oscar de melhor filme, por Beleza Americana, Sam Mendes, aqui ele faz um filme de Bond, muito maior do que os outros. Seja por um roteiro espetacular e afiadíssimo. Atores brilhantes, uma trilha sonora excelente. A fotografia do filme enche os olhos, com alguns quadros que beiram o deslumbre. As cenas no alto de um prédio em Shangai? As cenas do bar em Macau? O terror provocado por Silva em Londres? As cenas na Escócia? Tudo sob a ótica de Roger Deakins, diretor de fotografia de boa parte dos filmes dos Coen, como “Onde os Fracos não têm vez”, “Bravura Indômita”, e os de Mendes “Foi Apenas um sonho” e “Soldado Anônimo”. A canção tema homônima, na voz da britânica Adele, no clipe da canção no inicio do filme, é linda.


Mendes e Craig. A dupla resgatou os bons momentos da série de 23 filmes.
A relação que promete haver entre Bond e o novo Q, agora não mais um senhor e sim um jovem nerd, traz leveza ao filme em certas situações cômicas. E sem palavras pra atuação de Javier Bardem, como o vilão Silva. Ele tá assustador, irônico, cruel e brutal num dos grandes papéis de sua carreira. Ao mesmo tempo em que fala suavemente como se fosse capaz de ser frio e calmo ao mesmo tempo, o vilão do espanhol é o melhor que já foi feito na série nos últimos tempos. Desde Goldfinger não via um arqui-inimigo tão interessante. A cena em que põe a mão nas pernas de Bond e pergunta se ele não estaria interessado, sim isso mesmo. E a resposta do agente é “Você acha que essa é a minha primeira vez”. Hilário. A tal cena, em que o agente se vê preso numa cadeira no QG do vilão, e o dialogo que se dá entre ele Silva é de cara tão boa quanto a que o Bond de Sean Connery, quando esteve preso numa maquina cortante a laser, em Goldfinger. Citei já duas vezes esse filme nesse curto espaço de tempo. Muitos dizem que esse filme antigo do agente é o melhor de todos. Se em muitas partes, Skyfall é tão bom quanto ele, é porque temos aqui um dos melhores filmes do agente, sem duvida.


Panela velha ainda faz comida... enfim, deixa pra lá. Tô falando do Aston Martin.
Ao final, aqui tá um filme que supera os anteriores e faz de Craig um Bond memorável, graças a um roteiro que lhe ajuda e o transforma. As cenas que trazem referências aos clássicos do agente, como quando toca a canção tema original do agente, sem remixagens, feita por Monty Newman, na cena em que o Bond de Craig muda de carro para não chamar a atenção. O carro? Um Aston Martin, semelhante aos usados por Sean Connery, nos anos 60. Aquilo foi uma baita homenagem aos 50 anos da estreia do primeiro filme do agente no cinema, em 62 com Dr. No. Nada me tira da cabeça de que Skyfall é um filme completo. Muito mais do que reinventa-lo, aqui os produtores encabeçados pela filha do legendário Albert R Broccoli, Barbara Broccoli refaz os passos de James Bond, a partir de agora sem ignorar seu passado. E nem o seu presente caótico e conturbado. Um novo Bond surge, a série agora continua de pé e a presença de Daniel Craig é elogiada. No fim das contas, os críticos se rendem as pretensões dos produtores, que era fazer algo que pudesse deixa-lo nos dias de hoje, uma imagem mais profunda e intensa, e não somente um personagem opaco e estereotipado. Hoje temos um herói que sofre e se assemelha aos outros agentes, sem perder a ternura e seus instintos e características básicas.


Um bom James Bond deve ser servido de boas mulheres... champagne e tal.

Shaken, not stirred.
Belas montanhas lá atrás, não?

Do jornal britânico Daily Mail, a critica da revista Veja, Isabela Boscov, citam esse como o melhor filme do agente. Não sei, meu carinho pelo personagem de Sean Connery, em Goldfinger, Dr. No e Thunderball. Até em From Russia with Love. Os de Roger Moore, Live and Let Die e The Spy Who Loved Me. Os de Pierce Brosnan, que apesar de fracos, tem um apelo de que gosto muito. Se vermos essencialmente o que o torna um bom filme, talvez Skyfall seja o melhor Bond por não se ater a diminuir a imagem do agente em um conjunto de estereótipos, como já citei aqui. Como já foi mostrado assim em Cassino Royale e Quantum of Solace, sim, mas nessa nova visão de 2012, toma contornos que o põe com mais clareza numa sequencia de novas histórias do agente. O fio da meada que Royale trazia não servia muito para aprofundar e fazer crescer o personagem, que agora tem tantas fissuras expostas e erros, que possibilita maiores desdobramentos. Ele sai renovado de fato, e vai além o colocando ao lado de Sean Connery e Roger Moore, ao final do filme, quando o espectador toma ciência dos novos personagens que entrarão e dos antigos que sairão, o quadro de personagens não serão tão novos assim, já conhecidos dos fãs do agente, o que tornará mais angustiante a espera por novas aventuras, que já foi anunciada nessa semana que já está sendo escrita pelo roteirista John Logan, com previsão de estreia para 2014. Skyfall definitivamente já é um clássico da série Bond, com propriedade de estar ao lado dos pôsters de Goldfinger, Dr. No e O Espião que me Amava. Nesse ponto, não há xiita que discorde. 

Para um homem, um James Bond é poder ter... 


Adele com certeza levará seu Oscar, globo de ouro e afins...



Até.

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